terça-feira, 12 de julho de 2011

A Comunicação no Universo Teatral

Em nossa primeira aula, ocorrida no dia 16 de abril, vários conceitos foram levantados durante a escrita de textos respondendo às perguntas: “O que é um ator?” e “Do que o ator precisa?”. Da leitura e discussão das tessituras produzidas, formamos um “mar” de significados que, posteriormente, foi representado por meio de diagramas. Cada grupo produziu um diagrama que resumia a ideia dos textos e do “mar” formado.

Ao analisar todos esses diagramas me recordei dos argumentos suscitados na discussão e uma palavra resultou desta lembrança: comunicação. Além disso, depois de realizar a leitura do texto de Peter Brook este termo que, a mim é muito significativo no mundo teatral, reapareceu e me despertou mais ainda para redigir este texto:

[…] cada movimento que o orador faz com a mão ou com o corpo, consciente ou inconscientemente, é uma forma de comunicação (BROOK, p. 68, 1999).

Refletindo acerca da palavra comecei a pensar na importância que ela tem e exerce sobre o meio teatral, entendendo este meio como texto, palco, corpo do ator, enfim tudo o que envolve o mundo do teatro. Nesta reflexão, percebi que comunicação é força e potência: por meio dela o leitor/espectador vai compreendendo as passagens que lê/assiste conseguindo encarar aquele universo que lhe é exposto e apresentado. Há uma troca entre observador/leitor e ator/obra. Os movimentos em cena, as rubricas, a dramaturgia textual, o cenário, a iluminação, tudo que é simbólico em cena e em texto pode ser considerado um meio de comunicação para o olhar exterior que é impresso sobre a obra.

Seguindo este raciocínio, comecei a procurar fontes que me fornecessem alguma definição sobre comunicação e que concordassem com minha interpretação. Assim, em dissertação de Mestrado de Clara Beatriz Dezzot[1], encontrei sua definição sobre este tema e, a seguir, apresento o fragmento que discute e expõe sua ideia. É importante destacar que Clara Beatriz tomou por base a explicação de dois outros autores que aparecerão no excerto destacado:

A teórica Linda Bulik afirma também que para Abraham Moles, a situação de comunicação teatral está vinculada ao próprio espaço do espetáculo, não esquecendo que a identificação do modo e do lugar são finalizados pelo vocabulário segundo a observação do autor. Segundo a autora, “(...) ‘teatro’ designa a arte e o edifício, daí a ambivalência. Esta estreita ligação entre a situação e o lugar define os aspectos sociais da representação”; ela complementa citando Abraham Moles, que diz: “1. não existe teatro privado para uma pessoa; 2. teatro implica uma troca de mensagem entre atores e assistentes, uma audiência, digamos ainda um grupo ativo tornando - se um grupo receptivo.” (DEZZOT, p. 30-31, 2006)

Após ler o fragmento da dissertação de Dezzot, me interessei pela visão de Linda Bulik e, procurando por algum artigo que ela tivesse escrito a respeito, me deparei com seu livro Comunicação e Teatro[2]. Neste, há um capítulo destinado à comunicação em que ela disserta sobre a função deste elemento no teatro defendendo a teoria de que a comunicação nas artes cênicas funciona como troca, como ritual estando longe do “modelo culturalista”, que seria, para a autora, a comunicação ligada à divulgação,
à informação. O próximo excerto explica esta visão:

Não se trata aqui de comunicação na transmissão de informação; o que se busca é a construção e a conservação de um significado cultural. Comunicação torna-se então um processo simbólico pelo qual a realidade é produzida, mantida, recuperada e transformada. Comunicação é produção simbólica da realidade. (BULIK, p.25, 2001)

Partindo desta reflexão nos perguntamos: qual a relação entre ator e comunicação? Como localizá-lo neste termo? Para responder a esses questionamentos podemos partir da ideia de que o ator assemelha-se a uma sinapse nervosa que conecta um neurônio ao outro. A tarefa da sinapse é passar o impulso nervoso, a informação, de uma célula para a outra até chegar ao cérebro que devolve a resposta e o corpo reage. Assim é o ator. Ele possui o texto, outrora estudado e pesquisado prática e teoricamente. Quando ele está no momento da representação, comunica, lança à plateia toda a pesquisa desenvolvida acerca daquela personagem. O público, diante de todo aquele universo que lhe é exposto e apresentado, pode reagir de imediato com risadas, por exemplo, ou a resposta poderá vir mais tarde em uma futura reflexão que surja na mente do observador. Porém, de alguma forma esta troca ocorrerá através da comunicação entre ator e espectador.

Desse modo, e a partir das pequenas, mas rápidas e diretas definições apresentadas sobre comunicação, finalizo o texto concluindo que o ato de comunicar em teatro é um universo amplo que comporta as diversas teatralidades existentes fornecendo ao ouvinte/leitor infinitas possibilidades de entendimento a respeito do que lhe é exposto. Esta ação comunicativa provoca no espectador uma reflexão sendo que o que ele acabou de presenciar deixa de ser, apenas, um emaranhado de informações perdidas no espaço e passe a significar uma troca, uma reflexão, um pensamento aprofundado sobre o que presenciou. E essa troca dar-se-á, principalmente, por meio do ator que, como uma sinapse entre as células nervosas, estabelecerá a conexão entre público e obra finalizando e/ou iniciando o processo de comunicação.



[1] DEZZOT, Clara Beatriz. O Teatro como meio de comunicação Um estudo sobre a utilização do tableau na Proposta Pedagógica de Arte do Ensino Fundamental e Médio da Rede Estadual de Ensino do Estado de São Paulo. Dissertação de Mestrado. Marília, Faculdade de Comunicação, Educação e Turismo/UNIMAR, 2006.

[2] BULIK, Linda. Comunicação e teatro: por uma semiótica do Odin Teatret. São Paulo: Arte & Ciência, 2001.

Priscila Ortelã

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Primeira aula de Interpretação

Na primeira aula de interpretação do 3º ano de LAT, duas perguntas nortearam a discussão daquela manhã:

"O que é o ator?" e "O que ele precisa?"

Cada aluno produziu seu texto respondendo às questões e depois estes foram lidos. A cada leitura colocávamos os escritos em um espaço da sala de acordo com a proximidade ou afastamento das ideias contidas e defendidas.

Por fim, foi proposto que nos separássemos em grupo e desenhássemos um diagrama representando esse "mar" de significados que resultou a exposição dos textos. Para construir esses diagramas, algumas palavras-chave foram utilizadas como: técnica, hibridismo, treinamento, pesquisa, método, metodologia, dentre outras.

Priscila Ortelã



terça-feira, 24 de maio de 2011

“O que é o ator?”
“Quais os seus nutrientes?”








A partir dos diagramas criados em aula sobre as perguntas “O que é o ator?” e “Quais os seus nutrientes?”, escolher um conceito ali presente e fazer a sua arqueologia. Procurar acepções para o conceito escolhido. Sugestão - aceite as pistas: em que tipo de teatro o conceito escolhido está lastreado? Para onde reverbera?